24 de out. de 2009

= BIPOLAR II =


Eu não sei se estou triste,
se estou tímida
se estou eu mesma.
Às vezes, numa das esquinas
da vida tão tumultuada
de um viver complicado,
posso ter esbarrado comigo mesma...
Um encontro casual
onde de repente nos conhecemos
ao tentar olhar os outros
e vemos o que eles têm
e que não somos.
Para onde eles vão
que não queremos
ou não podemos ir.
Um momento de pausa
da sonora gargalhada
que escancarada,
cede espaço ao sorriso.
E o sorriso, franco e aberto
inibe-se deixando o sorriso tímido.
Tanta decisão, precisão e certeza
mostram-me as minhas indecisões,
vacilações e dúvidas.
Eu, tímida e insegura,
só vou em frente
porque não vejo outra alternativa.
Acredito na vida,
principalmente quando ela me diz não.
Para não ceder ao fracasso,
considero-me sobrevivente.
As dores não me fizeram infeliz.
As tristezas não me deixaram amarga.
Mas fica esta tênue linha
entre tristeza e alegria
que é quase uma dor
A sensação de impotência
que é quase um lamento.
Melancolia.
Mas o sorriso insiste!
E durmo na certeza de que haverá um amanhã.
Que hoje foi um grande dia
porque fiz tudo o que sabia
Me conscientizei do que não podia.
E tem sido assim,
um dia depois do outro
ao longo de longos 40 anos...
Já não olho as pessoas pensando
que se eu fosse elas faria diferente.
Sei que todos fazem o melhor
dentro do que sabem e são.
Já não trago nas mãos ferramentas
para demolir ou construir o mundo,
Apenas tento fazer a minha mísera parte.
Não tento defender-me
opinião ou visão equivocada
que de mim fazem,
Não adianta,
Melhor eu mesma ouvir
que saber que outros ouvirão...
Não tento mais convencer do contrário
ou mostrar que em relação a mim
deveria ser diferente.

Certas coisas ou são ou não são.
Não adianta trazê-las enquanto são novidades
Ou enquanto eu estou novidade
Logo caímos numa rotina...

Certas coisas são ou não são.
Amor, sentimos ou não sentimos,
Ama-se ou não.

Não é preciso, odiar.
O ódio não é o avesso do amor
O ódio é um outro sentimento...

Assim, já não sei o que queria
ou gostaria
Apenas vivo o que é.

Talvez esteja como há muito não me via:
Sozinha e esta solidão me faz companhia,
Acompanho-me de mim mesma e fico,
nem só, nem infeliz, apenas tranqüila.

Não é momento de dar o passo,
Não é hora de ir a lugar algum.
É o momento de viver este momento,
Torná-lo-ei, então, sagrado,
Conciso, preciso e silencioso.
Não há reclamações a fazer.
Há que se observar o que sou eu o que é você.
11 de novembro de 2004 =

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