40 anos e uma garrafa

Certas coisas na vida acontecem e podem ser tragédias, comédias ou simplesmente experiência, porém alguns fatos nos deixam a impressão de predestinação. Alguns período curtos, muito curtos da minha vida são plenamente recheados, outros extremamente insossos, como fosse eu daquelas tartarugas, que por uma idéia (se é que tartarugas tem idéias) colocam para dentro do casco a cabeça feiinha...
Eu nunca quis para este blog nada em tom confessional. Eu sempre quis ser uma pessoa capaz de cumprir uma rotina e seguir prescrições e por ter projetado esse blog  e vê-lo tão timida e escancaradamente desvirtuado, não consigo inscrevê-lo para as premiações anuais que brindam os melhores, blogs... Bem também ele não é tão essencial assim, nem relevante, feito à minha imagem e semelhança espelha a posição da grande maioria dos humanos no mundo, um peso no chão, uma ocupação da força da gravidade que para o que servimos jamais saberemos...
Assim o que começou como poesia, o que era remédio para solidão virou como de hábito na vida nossa, confusão. Mas é uma confusão rosa, rosada e um dia chegará ao carmim.
Agora é madrugada, minha gata olha curiosa os meus movimentos que esvaziam uma garrafa de Ballantines, aliás não UMA garrafa mas a 1ª garrafa de minha propriedade! Estamos juntas há 4 anos e por ser uma garrafa de Portugal ela tem um tamanho menor do que a nacional. Ora quantas pessoas de mais de 40 anos podem se orgulhar de ter uma garrafa européia de "bala 12". Quantas pessoas de mais de 40 independentes poderiam estar nesse momento consumindo a última gota de uísque de uma garrafa aberta há 4 anos? Se isso não faz de mim uma pessoa singular, sou no mínimo uma otária, quem sabe um ser no limbo entre o alcoólatra e o abstêmio?  Isso daria laguma manchete em algum jornal do reino de Oz: Moradora coroa da Lapa leva 4 anos para esvaziar uma garrafa!!