16 de out. de 2009

SOLIDÃO


Há uns momentos de solidão por mais pessoas que estejam a minha volta. Como se fosse estrangeira,como se viesse de um país distante, como se falasse uma língua estranha. Ouvem-me e não me entendem...

Há momentos que me sinto fora do tempo, deslocada de uma vida que construí e conheço inteira. Dá um medo de abrir a boca! Encaro os olhos que estão pela frente e são tão indiferentes...

Há momentos que lembranças me assombram, invadem o meu presente e me surgem calafrios... Um desconforto em estar vivo, um preguiça de me mover. Deve ser assim que alguns enlouquecem deve ser por isso que muitos se esquecem e vivem assim, esquecidos de si, projetando-se em outros, falando pra outros que deveriam falar a si próprios, falando de outros o que deveriam falar sobre si mesmos. Esquecer-se, uma outra forma socialmente aceitável de enlouquecer. Esquecer-se num casamento, numa família, numa igreja, num trabalho em tudo que poderia ser uma outra coisa qualquer.

Eu queria ser aquela pessoa simples que vende tapioca, aquele ambulante que faz piada debaixo do sol pra todos que passam. Eu queria ser uma linha reta, contínua sem aclive nem declive, eu queria acordar todo dia igual (não importando se no fundo, lá no ouvido da alma soasse aquele apito que nas UTIs informa o fim das atividades vitais).Esperar ansiosamente o fim de semana e sair por aí vivendo um dia depois do outro como se nada tivesse acontecido. Ignorando fatos, aguardando o próximo capítulo da novela. Sem dúvidas entre Flora e Donatela.

E se eu cantasse, seria só MPB, eu não queria ter essa alma que grita rouca roquenrou, nem imaginar o pensamento do outro, nem duvidar que tenho sorte, nem ansiar por um rosto mais bonito, desejar uma alma sem dor, sem ferida, sem partida. Trocar essa alma velha que me acompanha por mais que eu troque de corpo e mude de par e fale aos amigos...

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