15 de fev. de 2012

Carnaval em Madureira



Fazia tempo, muito tempo que eu não vivia um carnaval tão de subúrbio, tão alegre que me deixasse tão feliz. Tão feliz fiquei que desisti de curar ressaca no Bloco da Preta. Preta Gil que me perdoe, mas não dava pra tirar a onda azul dos olhos. Passou sim um rio na minha vida!


Eu percebi que tudo ia ser muito bom demais já nos primeiros acordes daquela tarde quando um nome foi anunciado: Hermínio Belo de Carvalho. Logo tomou conta do ar uma música: "Pressentimento" (Hermínio Belo de Carvalho e Elton Medeiros). Pressenti, ali, que aquele momento marcaria minha memória por muito tempo, quem sabe, pra sempre. Esse é o meu samba preferido e que não se ouve pelas ruas nos carnavais. Pelo menos nos que posso lembrar.


Da concentração à dispersão, nenhum motivo pra falação. O Bloco foi irretocável! Tinha meninas bonitas à beça, tinha rapazes sarados aos montes. Tinha tipos folclóricos, tinha irreverência salpicada naquela tarde de tanto calor. Pessoas interessadas nas fotos, posando, pulando, sambando, rostos de todos os tipos dialogando com os meus cliques. Tinha famílias, muitas famílias! Crianças, jovens, idosos. Magros, negros, brancos, barrigudos. Tinha uma infinidade de amigos! Amigos antigos, amigos da hora, amigos de infância que acabara de conhecer. Ah, foi isso que sonharam quando inventaram o carnaval. Hum, é disso que falam quando chamam Madureira de capital do samba! Isso tudo é o que se percebe entre casa uma das letrinhas da palavra subúrbio! Música excelente, muita alegria.


Há poucos dias comentávamos, Ana Costa Bianca e eu que atualmente tínhamos muito bloco e pouco samba... Ali, essa observação cessou. "Monstros" do samba presentes, aqueles que vemos e sabemos, já transcenderam à categoria de pessoas e viraram entidades da nossa cultura, do nosso samba, do nosso carnaval. Monarco, Tia Surica, Marquinhos Sathan, Richah, Pau-li-nho da Vi-o-la e outros que minha mente atônita, agora gagueja pra lembrar.


Pena que foi um dia só e ficamos assim, já com saudade do carnaval antes que ele tenha começado. Todos os bons sambas de muitas boas escolas, sambas de embalo dos blocos de outrora e tudo tão presente que não deu saudade, deu vontade!!
Na praça, de bandana, Sr. Paulo da Portela assistia e também posava para fotos com seus novos jovens fãs.


Não faltou nada, tinha Noel esticado com orgulho na camisa rosa do jovem folião. Tinha frigideira em punho sonorizando a presença de uma imponente camisa da Mocidade.


Agora, tocava um samba do Silas de Oliveira, olhei pra cima e vi a placa emblematicamente nas cores azul, verde e branca que dizia:
Cascadura ->Madureira -> Império Serrano... Sim, não sou tricolor de coração, mas meu sangue se coloriu, minha alma sorriu.
Valeu Timoneiros! Quem me navegou foi esse mar de azul com detalhes em ouro velho.
Timoneiros da Viola em 12/02/2012

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