24 de out. de 2009

Abandonar é Tão Difícil quanto dar o Fora...


Tento, tento muito, até o final. Esgoto as possibilidades, esgoto o meu raciocínio, esgoto é claro, a paciência dos amigos.
Mas nunca me arrependi por um final de romance. As mulheres gostam desta dedicação.
Nunca fui abandonada, mas diversamente do que possa parecer, o abandonar é morrer um pouco ou morrer muito de uma morte lenta e dolorosa e pior: sem testemunhas a nosso favor...

Não é mais fácil abandonar que ser abandonado. Dar o fora é difícil e doloroso desde o início quando ainda não sabemos o que devemos fazer, até criarmos a certeza de que a separação é o caminho pode-se passar anos de felicidade-meia-boca ou infelicidade completa ou de uma vida sem nenhum sentido... Verdade, sim, que a decisão rápida vem se turbinada por uma paixão avassaladora (gosto dessa palavra), mas ainda assim há quem espere o fogo da paixão abrandar e nenhuma mudança de vida é gerada por calor de brasa ou a toque de água morna, o banho-maria só leva ao deixa-estar-pra-ver como é que fica!
A falta de felicidade às vezes bateu a minha porta e eu que não sabia como gerenciar a relação sem o sentimento de felicidade passei anos na dúvida do vou-ou-não-vou, pensando: "será-que-é-isso mesmo que tenho que fazer? E tornava-me ainda mais infeliz, por magoar alguém que parecia me amar tanto... Tão bonzinho... Dedicado... Esses bonzinhos que depois de nos livrarmos deles percebemos o quanto são chatos e o quanto eram egoistas e aproveitadores da nossa miopia...
Ás vezes me parece que perco tempo, que ando devagar, que fico devendo à voracidade que as rodas de amigos impõem. Enquanto elas saem com 3, 4 eu ainda com aquela...Enquanto elas se divertem tanto, eu buscando soluções e claro cobrando atitudes, movimento... Mas acho tão legal saber que estou voltando pra casa para encontrar um pessoa que conheço... Embora goste daquelas batidas fortes, aqueles arranques do coração a caminho do encontro com a novidade, aquelazinha que caiu na nossa conversa lá naquela boate obscura, naquela praia preguiçosa, na fila do banco... A aventura me acelera o sangue, dá um gás na fantasia, alucina geral... Mas é muito bom um domingo chuvoso, um filminho qualquer, um café na cama com aqueles ridículos que só a intimidade provoca e só a intimidade pode perdoar...
=maio/2004

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