24 de out. de 2009

= BIPOLAR I =






















Às vezes bate
Uma puta necessidade
de encostar a cabeça num ombro e respirar.

Fechar os olhos e respirar
Deixar estar.

Não quero que nada me façam
Não desejo que lutem por mim
Não preciso que resolvam meus problemas

Só quero respirar


Apoiada num ombro
amigo ou inimigo

Respirar.
Deixar estar.

Chama-se isto carência?
Seria isto cansaço?

Às vezes choro
Às vezes mastigo o choro
Muitas vezes finjo que não o vejo.
E sorrio
E ninguém percebe
O coração afogado,
A alma alagada

De toda forma tudo dá em nada
Não há ninguém tão forte quanto eu
Nem tão frágil
Nem tão doce

E esta verdade amarga
Meus dias
Meus projetos
Meus sonhos
Em troca distribuo o sorriso meigo
Aberto, claro, franco, raramente tímido.
E me jogam migalhas de atenção, de afeição
Antes as recolhia, hoje as abstraio.

Dis-tra-i-o-me

Sempre andei na corda-bamba,
Sempre estive por um fio
Sempre olhei a vida do alto,
balançando,
Perigosamente,
Ciente de não haver lá embaixo,
rede de proteção,
Acreditando que em caso de queda,
esta seria para o alto.

E pela primeira vez, estou eu,
em cima do muro.
Quer saber?
O fio pingente é mais confortável que o muro
O acrobata é herói,
o indeciso não...
Eu sequer estou indecisa

Na indecisão me defino...
Eu escolhi o meu lado,
E a escolha sem atitude é vã...

É preciso escolher e se lançar
Voar, corpo no ar, trapézio no olhar
Mãos na direção certa.
Coração contando
Alma cantando
Voar de olhos fixos no trapézio, no pousar...

Lançar-me confiando é a minha atitude de amor...
= BIPOLAR I =

Um comentário:

Anônimo disse...

ADOREI O TEXTO BASTANTE INTELIGÊNTE