E lá do alto, não muito lá de cima,
Ficava a menina brincando de ilusão.
Fazia lanças rombudas de problemas contados
Para humanos exilados. Ela lhes cutucava o coração
Ela vive assim no seu mundo de ilusão.
Confortável até mais não poder
Confortável de modo a caber o não
que ela não consegue dizer.
Ali, a vida não é condição é argumento
explicação, motivo, desculpa, proteção
para quando ela, menina, perdida desatina
nas coisas loucas que cria no seu coração
Ela tem lembranças de um coração que sonha
Medo da vida que cavalga e se agarra à rotina
Talvez tenha alguma verdade que se sobreponha
ás suas recusas ao viver sente-se apenas, menina.
A vida corroeu.
Ela perdeu seu sonho de viver
O medo mordeu.
Ela criou um jeito criança de ser
O tempo passou.
Ela forjou uma imagem que finge sorrir.
A vida lhe bate à porta.
Ela só quer uma janela.
Pra vida diz que está morta
Pro sonho se faz bela
Recusa os ventos, se diz ocupada
Inventa sentimentos
por medo de sofrer, não quer nada.
Todo dia ela sai de casa brincando de viver
Ela sabe, que é boa em brincar de esconder
Se eu falar alto ela acorda e vai sofrer
Se eu cantar, ela não saberá dançar
Eu vi, eu sei, no etanto escolherei não saber
Vou fazer que creio no que ela me contar.
Não se incomodam os mortos
Não se amansam os loucos
Não se perturbam os vivos
Viver é para uns poucos
Que se atiram no griteiro
por trazerem ouvidos moucos
Ou espírito guerreiro
Eu vi lá no alto, essa pessoa que se diz velha demais
uma criança, medrosa perdida, escolhida, encolhida
A pedir sossego, esquecimento e um pouco de paz
Com seus títeres, binca de viver, assim, escondida
Nenhum comentário:
Postar um comentário