13 de mai. de 2012

Grilhões Religiosos Impedem o Amor



Março é o mês da mulher em função da tragédia da nossa civilização na construção de uma sociedade em que predomina o poder, onde as pessoas são vistas pelo ponto de vista do separatismo, aspecto enfático do ser humano incapaz de caminhar na direção do que nos une, o fato puro e simples de todos pertencermos à mesma espécie.
Existe dentro do animal o instinto de sobrevivência, existe no ser humano o instinto de ser superior e tudo o que é muito alto não se alcança e tudo o que é ilusório decepciona. Março é o mês da mulher pela tragédia gerada na fábrica estadunidense (Vida Urbana), mas é em maio que encontramos maior concentração de figuras femininas a reverenciar,  elas vem nos caminhos do afeto (mães e noivas) e religiosos, sendo a religião a ferramenta mais utilizada para o domínio e supremacia do outro por parte de seres tão absolutamente iguais a todos que precisam expor a sua conexão com o intangível para atestar seu supremo poder de comandar, se possível em nome de deus.

Assim, se por um lado temos a literatura que informa a Palavra de Deus que nos convida "a amar uns aos outros", a não querer/desejar/fazer/ para o outro o que não queremos para nós e "que todos sejam um"; princípios religiosos nos agrupam (segregam/isolam )com preceitos e práticas capazes de nos abrir as portas da felicidade eterna. Deus passou a ter muitas casas e a nossa permanência em algumas delas aqui, nessa vida,  nos"impedirá" que Ele nos abra as portas da Sua casa na Eternidade... Não seremos felizes para sempre, não por termos sido maus meninos, mas porque não fizemos algo determinado por algum líder religioso investido do poder divino que afirma ser porta-voz do altíssimo.

Se as atitudes falam mais que todas as palavras, não estaríamos sendo uma versão moderna dos "sepulcros caiados", quando julgamos o outro com a nossa medida religiosa e apregoamos o merecimento do nosso irmão a habitar a casa do Pai depois que virarmos pó? Os vendilhões do templo seriam, hoje exatamente quem? E onde estará a medida "com a qual medirmos, seremos medidos"?

2012, teoricamente na concepção de muitos é o ano em que o mundo acabará...  Dia 13 de maio comemoramos o dia dos pretos velhos em função da nossa abolição da escravatura - Brasil, o último país ocidental  a acabar com essa vergonha, vexame que se baseava (além do interesse mercantilista) em "teorias" que negros não eram humanos, como se isso desse direitos aos mais humanos que os negros de fazer com outra espécie o que bem entendesse... Uma chaga que expõe toda a desumanidade do ser humano, afinal deveríamos respeitar, no mínimo, os seres não humanos como parte do acervo de Deus.
Voltando ao dia 13 de maio: No calendário móvel, dia das mães, também dia comemorativo do Preto Velho e de Nossa senhora de Fátima. Alguns segmentos espíritas irão para os seus centros e terreiros, os católicos irão para as suas igrejas, colocarão nas ruas o andor e seguirão a santa dita portuguesa com seu lindo manto.
Outros segmentos religiosos, não comemorarão, não apreciarão a data e talvez tenha sido criado um grande evento que ocupe seus seguidores, que concorra com outros eventos de outras religiões, pois isso tem acontecido com frequência.
Imagino que em todas as manifestações religiosas, utilizar-se-ão as palavras de Deus, deixadas a nós pelos escritos que se propuseram eternizar a mensagem deixada por Cristo:
"Eis que vos dou, um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros". Porque "na casa do Meu Pai existem muitas moradas"...

Como manifestação de um povo sofrido pela exclusão, temos os carinhosos Pretos Velhos da Umbanda, religião nascida no Rio de Janeiro, brasileira por excelência, pois. Conhecidos pelas alcunhas perjorativas, ou não de "psicólogo de pobre", "médicos dos ignorantes", essas entidades aparecem  como um  reconhecimento de Deus aos sofrimentos impostos aos negros escravizados por seus irmãos ricos, brancos - ou não, poderosos representativos dos latifúndios e governos. Se há um caminho para se acabar com a ignorância é deixar de que cada um siga aquilo que determina seu coração e consciência, provendo sua capacidade de pensar e criar consciência através da educação. Não pode haver esse processo de lavagem cerebral que nos leve a temer a mão de deus, nem a falta de oportunidade e exclusão que levem as pessoas a precisarem crer numa melhora em outra vida porque essa daqui não tem como. Uma coisa é consequencia da outra, eduque seus filhos dentro do respeito ao próximo, tenha-se escolas onde efetivamente se aprenda e não precisaremos criar uma ilha de fantasia que só beneficiará os interesses dos vendilhões do templo, sabendo-se que o templo está em cada um de nós... Aquela fase de criar lendas para explicar o que não era do nosso conhecimento, passou!  Deixar que deus nos presenteie com aquilo que não conseguimos obter, não tem razão de ser num estágio de consciência onde cada um tem que fazer a sua parte, atribuir aos Céus as bênçãos e desgraças das nossas vidas, colocam Deus numa posição muito desconfortável e até diria, pouco digna.


Tudo me leva a crer que não existe hoje nenhuma luta por igualdade, apenas pela inversão das mãos que seguram os chicotes.

Não bastando tudo isso,  é também o Dia das Mães. Um dia para muitas reflexões, mas certamente nada irá se pensar a não ser na compra do presentinho, na visita para o almoço. Vivemos condicionados e empacotados porque talvez seja mais fácil assim, pensar dá muito trabalho e para agir não temos tempo.
Se pensássemos certas coisas não aconteceriam...
Portanto onde é dia de Saravá e Amém. Saudemos sem crise.
Para todas as mamães de todos as idades, formas e sexo, muito Axé, Parabéns e Amém!!!

Nota: Figuras religiosas femininas de maio:

Dia das mães, A Abolição dos escravos (13) e Pretos velhos. Temos as santas:
Santa Rita de Cássia (22), a santa das causas impossíveis, Santa Helena, Joaquina;  Santa Sara Kali (24), a padroeira dos ciganos. Nossa Senhora de Fátima (13), santa queridíssima dos portugueses. Santa Amélia (31); Santas Rafaela, Claudia, Eufrásia (18), Basília (20), Brenda (16); Carolina e Irene(05); Cassilda (09); Dympluna (15), Florinda (1º de maio); Joana D'Arc (30); Madalena di Canossa (08); Margarita (16), Maria Madalena (25 de maio); Suzana (24);


Imagino que todas foram mártires em vida pela opressão pela qual a santidade lhes era exigida e pela dor ou pelo alívio às nossas dores, foi reconhecida. Tudo isso há tanto tempo, hoje me pergunto: Se precisava,  se ainda precisa?


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