Tropa de Elite 2: Dessa vez não fui à pré-estréia, não
entrei na fila para assistir na estréia, não me estressei on line para ver na 1ª
semana.
Eu tive medo.
Tropa de Elite 2 não é um filme que se assista pura e simplesmente, pois a todo momento somos sugados para dentro da tela... Ou seria a tela que insiste em pendurar-se nas nossas vidas?
Lotado de referências tipicamente nacionais de um Rio de Janeiro que está em toda parte do Brasil a despeito da insistência de muitos em não perceber.
Eu tive medo.
Tropa de Elite 2 não é um filme que se assista pura e simplesmente, pois a todo momento somos sugados para dentro da tela... Ou seria a tela que insiste em pendurar-se nas nossas vidas?
Lotado de referências tipicamente nacionais de um Rio de Janeiro que está em toda parte do Brasil a despeito da insistência de muitos em não perceber.
Não há como se sair indiferente dessa projeção, é um dedinho
que nos toca no ombro, u'a mão que nos
dá na cara para logo após socar-nos o estômago e sem piedade num golpe final, olhar bem nos nossos olhos e cinicamente sorrir.
Saí do cinema espancada, abatida mas com um nível de revolta capaz de explodir qualquer comício que passasse na calçada.
A minha visão de mulher que diante de um jornal, entre uma foto chocante de crime e tragédia e outra de políticos sorridentes em campanha, recorro às cenas do próximo capítulo de uma novela qualquer, como recurso para não enlouquecer pela impotência e letargia dos nossos tempos.
Hoje a vida é tão rápida! Os recursos tecnológicos nos deixam por dentro de tudo em tempo real! E justamente agora, encontramo-nos apopléticos, sem saber para onde ir e sem perceber para onde estão nos levando.
Deixamo-nos enganar com gosto, só para não saltarmos de vítima ou famosos "massa de manobra" para o papel de quem molda seu próprio destino.
Nunca precisamos tanto evocar nossa porção Capitão Nascimento, nunca ele foi tão ficcional, o lado macho nosso de cada dia que dorme enquanto vivemos nossas rotinas.
Saí do cinema espancada, abatida mas com um nível de revolta capaz de explodir qualquer comício que passasse na calçada.
Desta vez José Padilha pôs o dedo na nossa cara e relembrou que nenhum de nós é inocente.Mais de seis milhões e meio de pessoas viram o filme, o que mais se teria a dizer?
A minha visão de mulher que diante de um jornal, entre uma foto chocante de crime e tragédia e outra de políticos sorridentes em campanha, recorro às cenas do próximo capítulo de uma novela qualquer, como recurso para não enlouquecer pela impotência e letargia dos nossos tempos.
Hoje a vida é tão rápida! Os recursos tecnológicos nos deixam por dentro de tudo em tempo real! E justamente agora, encontramo-nos apopléticos, sem saber para onde ir e sem perceber para onde estão nos levando.
Deixamo-nos enganar com gosto, só para não saltarmos de vítima ou famosos "massa de manobra" para o papel de quem molda seu próprio destino.
Nunca precisamos tanto evocar nossa porção Capitão Nascimento, nunca ele foi tão ficcional, o lado macho nosso de cada dia que dorme enquanto vivemos nossas rotinas.
Capitão Nascimento, envelheceu 13 anos, ganhou lindas mechas grisalhas, continua com aquele pescocinho ligeiramente entortado à direita, dedo em riste e repetindo pausadamente aquilo que ele quer que seja perfeitamente entendido.
Promovido a herói (da promoção de patente todos já sabemos) e é um homem cada vez mais sozinho, como sozinhos se tornam todos os que insistem em trilhar rumo a um ideal de correção.
Estão sós aqueles que pensam em ter vida limpa e livre dos entulhos à volta.
Estão irremediavelmente sós aqueles que insistem em manter suas cabeças e éticas acima da mediocridade vigente em todos os escalões.
No princípio eram as drogas e o tráfico! E a polícia corrupta viu que tudo isso era muito bom!Acharcou traficantes, elementos enriqueciam, arquivos eram queimados e no saldo das prestações de contas , não havia porque se importar com os inocentes... A rede cresce e engrossa até criar contornos diante dos olhos do nosso herói que ervas daninhas se combate como pragas. Surge a lenda e acaba o filme 1.
Tráfico dominado, traficantes engaiolados, Capitão
Nascimento torna-se coronel Nascimento, comandante geral do BOPE. Torna-se
também um homem separado, heróis não devem casar-se...
Na sua rotina, pela sua retina enxerga 3 tipos de polícia: corrupta, não corrupta e o BOPE. Na sua vida existe o seu trabalho, a sua família e o seu trabalho.
Na sua rotina, pela sua retina enxerga 3 tipos de polícia: corrupta, não corrupta e o BOPE. Na sua vida existe o seu trabalho, a sua família e o seu trabalho.
Vamos combinar que algumas coisas dão certo exatamente porque algo nelas
deu errado... É como se um passo errado numa dança pudéssemos criar um outro modo de dançar, porém alguns princípios
básicos nos fazem errar para sempre.
O que Tropa de Elite 2 tem de melhor, é a humanidade do seu herói, a babaquice e passividade dos seus cidadãos, a implicância com os intelectuais defensores radicais dos direitos humanos na base do “é dando que se recebe” e com aqueles pensam ter mais direitos humanos que sua vítimas e finalmente, a profusão de frases candidatas a bordões que alegremente continua.
Com uma fotografia funcional que participa como personagem da trama, a
qualidade do filme é inquestionável aliada a um roteiro preciso, amarrado, coerente. O que Tropa de Elite 2 tem de melhor, é a humanidade do seu herói, a babaquice e passividade dos seus cidadãos, a implicância com os intelectuais defensores radicais dos direitos humanos na base do “é dando que se recebe” e com aqueles pensam ter mais direitos humanos que sua vítimas e finalmente, a profusão de frases candidatas a bordões que alegremente continua.
Rimos, quase choramos, nos indignamos, prendemos a respiração, xingamos e quando saímos do cinema nos surpreendemos pensando.
A sociedade a qual as instituições deveriam
servir, delas se servem.
Os políticos, cargos para o serviço e satisfação da
sociedade, dela se serve.
A polícia que existe para servir e proteger a
sociedade nela tem seu maior antepasto.
O poder se alimenta da desgraça das
pessoas.
O sistema precisa fomentar desgraça para que seu poder seja inquestionável.
O sistema precisa fomentar desgraça para que seu poder seja inquestionável.
O cidadão, desculpa para tantas ações e legislações, é no fundo
apenas aquele que irá manter com sua ignorância, ingenuidade e fruto do seu trabalho formal ou não, todo o peso do sistema faraônico que
irá lhe roer até os ossos e pagará cada vez mais caro por isso.
Repare bem a cena em que Russo (Sandro Rocha) faz
seu ritual de passagem entre acharcador do tráfico e chefe da milícia: Ele vai tomar
dinheiro do vapor que só tem R$500,00 ganhos com o gatonet, ali a gente percebe
qual a saída que temos, tanto nós sociedade, quanto aqueles que se encontram
encurralados nas vielas.
Ali entendemos exatamente o que é lei do mais forte e que evoluir não faz o menor sentido.
Não há defesa pra ninguém.
Ali entendemos exatamente o que é lei do mais forte e que evoluir não faz o menor sentido.
Não há defesa pra ninguém.
Ninguém é inocente, numa
sociedade onde se vive por alianças para fortalecimento individual e as
possibilidades de ganho sempre passam a existir e ter importância por si só. A ganância não olha para ética e o poder existe para deleite de todos aqueles que se acham um
milímetro acima do que é chamado de
povo.
Todos ali naquela película, tem um preço e a política não olha para nada nem ninguém que
não seja suas próprias vaidades.
Não importa o que o herói possa fazer, o
sistema existe e se reinventa e se alimentará das necessidades que se não
existirem, ele inventará.
Coronel Nascimento vira subsecretário. O sistema ignora
que algumas pessoas sejam fieis à sua essência. Para alguns o que impede que se
corrompam não é apenas a falta de oportunidade de se corromper, não basta trocar a planta de
lugar para que se tomem de amores por facilidades e vida confortável. A grande coerência deste
roteiro, é justamente o tempo que Nascimento leva para se adaptar à troca de suas armas: de pistola para palavra, microfone, boca-no-mundo.
Por sorte, por piedade jamais por acaso, no início do filme somos avisados que é uma obra de ficção,o que nos faz rir das referências tão claras do jornal que manda profissionais para morte; cúmplices de autoridades políticas orquestradoras de candidatos políticos, financiados pela grana de uma nova modalidade de crime.
Do apresentador de TV invejado pelo governador pelo número de opinião capaz de
formar.
Do agente carcerário que não vê nada demais no inferno que se desenha
dentro dos presídios e só quer digerir melhor se sanduba;
Do intelectual defensor dos Direitos Humanos que vê tudo
demais nos infernos prisionais ignorando que entre mauricinhos de faculdade e
bandidos nas unidades prisionais existe o segmento que dever-se-ia denominar
cidadão para o qual todos os esforços das autoridades, serviços e servidores
deveriam ser direcionados e não exatametne o contrário como nos mostra, este soco na cara de José Padilha.
Temos a chance
de perceber como é a política de governar para si mesmo e percebemos que jamais tivemos outra forma de política...
E quando o policial subordinado
descobre negócio novo virando líder comunitário, percebemos que contra a ganância, a covardia
talvez seja uma arma definitiva para a sobrevivência e revela a grande onda das
nossas autoridades: “fifty to fifty” - a
“taxa do eu sei”... Quem sabe recebe, quem deve paga e quem não sabe paga também só que um preço mais caro e ainda acredita que é votando que se resolve as questões populacionais...
Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro – sua exibição
deveria ser indicada a passar nos próximos horários eleitorais gratuitos,
apenas isso.
No mais foi um alívio ver no filme de ficção, que num país onde se apregoa que
milhares de empregos são gerados a cada momento, existe um herói desempregado, humilhado, incompreendido.
Não sabemos de onde vem o tiro. mas ainda podemos de certa forma ter esperança!
Nota 10, sobre tudo pela coragem da cena final, o rasante panorâmico por sobre a origem e finalidade dos problemas mostrados no filme, que é a própria razão de ser podendo ser a solução, afinal nem mocinho nem bandidos disparam o gatilho sozinhos muito menos por nada...
site oficial: http://www.tropa2.com.br
Ficha técnica:
Direção: José Padilha
Roteiro: Braulio Mantovani e José Padilha
Produção e Distribuição: Zazen Produções
Wagner Moura (Nascimento); Irandhir Santos (Fraga); André Ramiro (Mathias); Pedro Van-Hel (Rafael); Maria Ribeiro (Rosane); Sandro Rocha (Russo); Milhem Cortaz (Fábio); Tainá Müller (Clara); Seu Jorge (Beirada); André Mattos (Fortunato); Jovem Cerebra (Braço)
Um comentário:
Vai levar, ou eu levo pro blog? :)
Postar um comentário