22 de mai. de 2014

 NO MOMENTO, POSTAGENS ENCERRADAS. CLIQUE PARA VISITAR O MEU NOVO ENDEREÇO

Casa de Fadas trazia a idéia de falar sobre o trabalho e a arte,  de diversas mulheres que eu curto e apresentar meus textos mais emocionais. Começando por Fernanda Young, tinha referências à Clarice Lispector, algumas frase de Lya Lufty.
Não fui muito fiel ao projeto inicial e ficou sendo o meu blog mesmo, onde eu  evitava contar episódios pessoais, partindo para uma linha romanceada de ensaios de ficção baseados em observações da vida real. É sempre frustrante não conseguir seguir diretrizes traçadas por nós mesmos, assim as postagens rareavam, o receio da exposição travavam o fluxo criativo e senti necessidade de outro espaço para extravasar minha porção rascante, pois a princípio todas as ilustrações dos textos do Casa de Fadas deveriam ser uma fada e não dá pra ter mal humor no reino elemental, nem espírito crítico quando se trata de sonhos.

11 de jun. de 2012

Memoria semanal de uma cinefila distraida 1 - FLORES DO ORIENTE

Fui atropelada por Flores do Oriente (Zhang Yimou , 2012). Numa fase de vida que tudo descomplica, focada em ângulo reto para uma semi-nova atividade profissional, atraída pelas sempre perfeita e exuberante fotografia dos filmes do diretor chinês, lá  fui eu, num  feriado chuvoso, religioso e deveras frio pro Odeon Br (Cinelândia - Centro- RJ),  que nos feriados não abre seus  preciosos espaços terceirizados (imagino eu) privando os clientes do conforto do bebida quente ou da birita gelada e agraciando os mesmos com o pleno desconforto de um banheiro que só se pode usar durante ou após a sessão, isso porque o funcionário que libera a entrada, verifica o bilhete é o mesmo que cuida para que nenhum retardatário permaneça para a sessão seguinte... 
E pensar que eu desprezo do fundo do meu coração os cinemas de shoppings, apenas por estarem dentro de um shopping... Bem feito pra mim! 


Pois bem, animada com o diretor que gosto pela exuberância das suas cores, incentivada pelo comentário de uma amiga no Facebook, sem ler nenhuma resenha previamente, embalada pelo lirismo do nome traduzido, temerosa de que a insistente chuva tornasse mais uma daquela enchentes cariocas, decidi encerrar minha tarde no cinema mais próximo. Gostei do filme, mas não o suficiente para aprovar sua duração, não precisava ser tão longo, período em que passei pela  aflição, tensão e cheguei a desespero, coisas que sp filme baseados em fatos reais são capazes de fazer com os meus nervos.

Existem 2 gêneros de filmes que não assisto nunca: Filmes de guerra e de escravidão. E eu tinha que parar  justamente num cinema com um filme sobre o "massacre de Nanquim", num dia de feriado santo quando tudo o que eu sonhava era me distrair. Tarefa inútil diante da narração de um fato que não adianta torcer, o herói não vai vencer! A leitura retardada das críticas me fizeram compreender que toda profissão/função tem seus truques e atalhos e, certamente críticos de cinema não devem ser diferentes ou não encontraria explicação para tanta frieza nos comentários.Concordo que as personagens são esterótipos, que o longa se ocupa de um fato com desfecho conhecido e já outras vezes retratados na telona, mas nada disso impediu-me de ter  coração acelerado nas cenas de perseguição das mulheres e crianças para serem mortas ou estupradas. A burocracia apontada pelos críticos não me tirou o ímpeto de torcer pelo oficial sobrevivente nem abrandou minha decepção com o seu destino.
Zhang Yimou, imagino, dirige para o público, arrebata-o e o seduz com suas ambientações precisas, com suas cores envolventes onde a direção é o filme e os atores compõem a história que a câmera, suas cores e movimentos contam.
Pelo meu momento pessoal,  saí do cinema satisfeita com o filme,  mas triste por uma história que não deveria jamais ter sido verdadeira, sentindo que não fui feita, como boa cultuadora de super heróis ainda que animações,  para histórias pouco generosas com os mais fracos...

28 de mai. de 2012

Paraísos Artificiais

Paraísos Artificiais decepcionou. Nunca um longa nem tão longo me pareceu tão comprido,  Exceção para a fotografia e a direção nas cenas de sexo. Bem feitas, reais, intrigantes sem passar pelo pornográfico. Natália Dill, sempre há que ter uma bela mulher para que o paraíso não esteja de todo perdido...

Dia de Estréia



Pensando direitinho, na nossa vida todo dia é dia de estréia 
de um espetáculo sem direito a ensaios...
Dependemos uns dos outros para os aplausos ou não. 
Estaremos sós no camarim quando o dia não trouxer a alegria do sucesso 
ou não
Estaremos sorrindo com o peito dilacerado, 
uma nuvem na mente, um embaçamento na alma 
ou não
Seja o que for,  jamais saberemos como será. 
Muito menos o que seria.
Podemos contar o que foi.
Pegando a condução pela manhã para mais um dia de trabalho, 
não será este o primeiro dia de trampo, 
nem esse o primeiro ônibus de nossa vida, 
mas com certeza é a nossa estréia nesses lugares nesse dia.

Um rio não passa duas vezes no mesmo lugar. 
Não damos duas vezes o mesmo sorriso. 
Não comeremos jamais duas vezes a mesma marmita,
nem mesmo o jantar sofisticado ou ainda a merenda dividida.

É tão importante cavar buracos para a construção da ponte, 
quanto iluminar a festa da sua  inauguração, 
como passar por ela todos os dias.
Um dia ainda teremos como viver 
de modo a não esquecer 
que todo minuto é único e por isso mesmo, último 
A vida sagrada demais, só a mediocridade 
a invade, permitindo que a rotina 
tome o poder, a dirija assim, cretina.
O mal só tem voz, porque o bem se cala.
Pensar todo dia cada minuto como único momento
enxertar nas nossas ações sentimentos
Nos dará sempre a sensação de um novo dia
Dia de Estréia!!!
Diga para si diante do espelho, se arrumando pra sair:
Com ou sem platéia, Hoje eu tenho uma estréia!

21 de mai. de 2012

Raul Seixas: O início, o fim e o meio (Raul Seixas, 2012)

É o melhor documentário já feito sobre a vida de uma pessoa pública. Saí do cinema sabendo sobre a vida do artista, entendendo o que eu pensava que já sabia antes e, azar o meu, se o filme não me fez compreender o que antes já era incompreendido: O que afinal caracteriza os geniais? A loucura? O inusitado? O Brasil abriga um incontável amontoado de talentos, alguns geniais, no entanto inverter a trajetória do nosso cometa, não depende de nós... Como brinde, o filme oferece muitas imagens bacanas, personagens e personalidades que fizeram parte da vida do compositor. O documentário passeia pela ditadura, tropicalismo, festivais. Raul Seixas não viveu, aconteceu! Colocou imagens e coração numa trilha sonora que já veio com ele, uma cena rock’n rol de 44 anos de duração. Raul em essência era sua própria sua música concreta nas melodias que embalam nossa realidade. Era uma vez um homem, suas muitas mulheres e muitos vícios que se lhe deram prazer, afastaram-no da felicidade, essa felicidade careta que muitas vezes fazem nossos sonhos existirem por mais tempo. O vício em “todo tipo de droga, menos maconha  -  que de maconha ele não gostava" - com ênfase no álcool era a trilha para o final da linha para os romances de Raul, menos um: o seu  primeiro casamento com Edith, a namorada de adolescência . Esta, ao ser "abandonada" enquanto Raul ia ali até Brasília ficar com Glória, a irmã do seu guitarrista, foi embora, voltou para o seu país, levando a filha do casal e nunca mais esta família voltaria a se reunir. Raul passou a vida remoendo tristeza e arrependimento por este ato, por esta perda.
Ninguém conseguia acompanhá-lo nas suas intensidades ‘tóxicossociais’, nem mesmo o guru satânico que depois viraria mago, não sem antes lhe apresentar às maldições nas suas mais variadas formas. Fiquei a pensar na generosidade desse baiano magrelo que ensinou “o mago” a fazer letras de música e em troca, com ele aprendeu a se decompor biodegradavelmente em frascos e ácidos.
Raul era doce, duas de suas antigas esposas afirmam que ele tinha um cheiro doce. Uma fala de forma romântica a outra, objetivamente atribui o cheiro e o sabor à diabetes do músico. É fato que aquele homem nem tão belo assim, muito magro, cabeludo e bastante doido era tão verdadeiro no seu sentimento, que conseguia manter consensualmente romances simultâneos com suas “atuais” e “ex”. Nesses depoimentos  a platéia se acabava de rir... da situação dos triângulos amorosos consentidos pelas partes envolvidas. Como a caretice é prejudicial à felicidade que aparentemente preserva...
O documentário é muito comovente, rodado entre Bahia, Rio, São Paulo, Estados Unidos, Genebra. A equipe fez o trajeto da diáspora  Raulseixista. Mostra o fã dono do mítico baú e suas preciosas relíquias, que  se tornou amigo do astro, carregando-o embriagado quando era preciso sem perder a admiração. Descobrimos que o “Trem das Sete” teve uma dona e  hoje  é de todo aquele que acredita que amor, atestado de garantia e certificado de posse são as mesmas coisas...
Raul tem um neto que é sua xerox, mas o moleque mora no exterior e não falou sobre o avô, que pena. A filha mais velha tem mágoa do pai, não gravou depoimento, mas escreveu uma carta; a segunda filha é uma gracinha, mas é a filha “brasileira do Brasil” – as outras moram na América do Norte - que dá show de orgulho de ser filha do maluco beleza. Viu como o documentário é bom? É como uma reunião de amigos, parentes e agregados em torno da figura do mito tão trágico quanto divertido.
Saí do cinema aliviada com as palavras do Marcelo Nova: “Ele fez 50 shows! Morreu fazendo o que gostava, cantando! Não morreu esquecido, nem anônimo num quarto escuro”. Marcelo Nova: Parabéns! Obrigada! Mas e agora o que eu faço com a sensação de que não devo ser tão genial quanto pareço, porque não sei ir tão fundo naquilo que dá celebridade aos imortais? Ser careta é meu atestado de mediocridade? Fiquei me sentindo uma roqueira de subúrbio. Daquelas que assistem ao show pela TV da barraquinha de hot dog atrás do Madureira Shopping, que antes de sair de casa lava e passa a camiseta preta com frases em inglês... Se você entendeu que a celebridade dos imortais está nas drogas, esclareço:  O que dá celebridade aos geniais, é a coragem. Coragem de se arriscar e até de perder. Perder afeto, mulheres, a convivência com os filhos, ver os amigos virarem-lhe a cara e negar-lhe oportunidades. Por mais que digam que a vida é escolha, acredito que para escolher há que se ter opções e, onde estão elas quando não vemos o que escolhemos? O esforço pra ser “um sujeito normal e fazer tudo igual“ não é escolha. Aprender a ser louco é dom! Somos apenas criaturas seguindo o caminho que os olhos enxergam. Cumprimos nosso destino.
Com Claudio Roberto - Paulo Coelho - Marcelo Nova









ra Era destino  de  Raul 

seguir sua carência, se entristecer a vida inteira por um ato que não resultou no que ele possa ter imaginado. Sua incapacidade de viver só, sua pancreatite regada pelo álcool que ele nunca conseguiu deixar, ainda que tivesse conseguido parar com as drogas ilícitas. Sua falta de vontade de viver e a falta de crédito para que voltasse a gravar definharam sua saúde, mas nada disso se compara ao vigor da sua obra eternizada, passando de geração em geração ainda que muitas das suas mensagens não sejam imediatamente captadas, são seladas, carimbadas, se pra gente voar. O destino de Raul foi ganhar essa legião de tipos, diferentes dele e entre si. Em comum os olhos úmidos na saída do cinema, porque a gente viveu ao menos pelo tempo de uma música,  Raulzitamente. Ah, a mim pareceu que e o Paulo Coelho matou a única mosca de Genebra...

14 de mai. de 2012

IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS

Grilhões  Religiosos Impedem o Amor parte 2
 (Continuação) 

Tudo me leva a crer que não exista hoje nenhuma luta por igualdade, apenas pela mudança das mãos que seguram o chicote.



Registra-se a nossa História, faz-se todo o tipo de busca que comprove a veracidade dos registros da nossa origem e desenvolvimento, ciências e métodos complexos foram criados para este objetivo e simplesmente não se consegue perceber que os conflitos humanos relevantes vieram pelos caminhos  da desigualdade, da desimportância, do não tenho nada com isso...  


Hecatombes aconteceram porque o Homem só se importa com ele próprio, porque sempre se prefere olhar para o que nos separa e colocar qualquer diferença estética, de idade,  econômica, religiosa, sexual, de nacionalidade.................. (preencha aqui a sua diferença) como características que fazem o outro pertencer a outra espécie.


Inventaram a história de que somos a imagem e semelhança de Deus e parece que o tiro saiu pela culatra, em vez de adotarmos o bom comportamento para ficarmos bonitos como o papai, nos tornamos aquele tipo de filho que mal consegue disfarçar que seria muito bom o pai "bater as botas" para botarmos a mão na grana.... Assim, enquanto o papai, não está damos ordens aos empregados e "detonamos" com o patrimônio!! 


Não sou conhecedora da matéria mas creio que nenhum animal doméstico seja tão ridículo quanto o ser humano e sua inteligência, seus argumentos, sua realeza. Até porque os animais não são ridículos...


 São nações inteiras cultivando átomos, enriquecendo urânios enlouquecendo na defesa da sua cultura, dos seus valores, incluindo aí petróleo, fronteiras, taxas cambiais - são valores ou não? Poder.
Por ter-se criado a lenda que o Brasil é um país rico, a corrupção é pauta do cafezinho, melhora o rendimento do jornaleiro mais caidinho nesses tempos de internet que por sua vez é a 2ª invenção da roda e quebra um galhão, mas que veio sepultar de vez o pique-tá e a brincadeira de roda instalando na nossa vida o sedentarismo... De certa forma a internet é a substituta do programa Xuxa como babá de pais sem tempo ou interesse... A internet é a melhor solução para a falta de espaço dos minúsculos imóveis que nos vendem - logo teremos acesso wireless nos botões das nossas roupas -  
 e para a economia familiar, que já não precisa mais de uma babá tão eficiente, nem gastar rios de dinheiro com balé, natação, jiu-jitsu, violão, canto, piano a menos que o pirralho em questão tenha maiúsculo DNA esportivo ou artístico.  No futuro quem não for atleta, desenvolverá um meristema radicular. Quer saber o que é? Matéria de 4ª série, mas se você  está on line, veja no Google, afinal se podemos complicar tudo porque eu facilitaria? :)))


Temos a democracia do voto obrigatório, temos zilhões de candidatos para votar e sinto que não temos escolha e quando votamos mal  temos recursos que não utilizamos, talvez exista um medo que possamos transformar o ruim em algo pior para nossas vidas. Talvez esse seja o único momento em que estar excluído seja uma vantagem que traz um prazer: "Políticas para os políticos" e nós, meros críticos das suas grotescas atuações.  


Olhando aqui da minha janela micro, fico estarrecida ao pensar que muitas de nossas ações não diferem das ações da política institucionalizada dos políticos institucionais. O país porcalhão que se desenvolve com  tecnologias sujas que emporcalham o meio ambiente; a vista grossa para o comportamento "inadequado" de patrões e empresas que nos pagam salário; a "lei do silêncio". Aquele recibo de serviço não utilizado e não  pago que nasceu para driblar o "leão" pode parecer uma ação bem mais cômoda e prática do que nos engajarmos em qualquer ato público que manifeste o nosso descontentamento, por exemplo,  com as taxas tributária excessivas que nos pesam, principalmente porque poderíamos ter, com tantos impostos e descontos,  um sistema público de saúde que nos possibilitasse poupar o que se paga no plano de saúde, ou uma escola pública de qualidade onde o cidadão crescesse, se incluísse - educado e ciente que não adianta o reconhecimento estrangeiro pela nossa viçosa economia, se ainda temos milhões de famintos, analfabetos funcionais, corrupção em todo e qualquer setor e os não corruptos cada vez mais acuados e o pior: silenciosos, vítimas de uma chantagem, como dizia o poeta, "a bolsa ou a vida".  Todos os trabalhadores arcam com os custos das suas vestimentas, transportes, médicos, dentistas e investimentos para sua ascensão, porque os políticos tem tanta regalia, se já os pagamos tão bem e pelo que se comenta, não estamos satisfeitos? 


Evoluimos tanto mas tenho dúvidas se mudamos tanto assim. Às vezes reconheço em mim traços nítidos dos tempos das cavernas, por sorte não tenho tacape, não porto armas. 

Ver o noticiário com a imagem nítida e límpida que o governo não governa apenas faz política. Lá onde estão as pessoas eleitas por nós para gerir nossos recursos extraídos a fórceps, perde-se tanto tempo discutindo os seus próprios  interesses "fundamentais" que não dá tempo de impedir que várias catástrofes aconteçam.  Quando éramos crianças nossos pais nos diziam não e logicamente não agradavam mas como eles tinham autoridade, acatávamos. Na minha visão micro,  não consigo entender porque se luta tanto para vencer uma eleição, unindo-se aqueles que justamente serão o impeditivo da execução dos objetivos - ao menos os declarados. 


Um ministro que venha a público pedir desculpas à bancada religiosa por seu pensamento laico me dá a certeza que o futuro reserva uma nova cruzada na defesa de um deus que vive nos sepulcros caiados de tanta liderança religiosa, ora com voz parlamentar. Usar o plenário para comemorar o centenário das Igrejas  Evangélicas da Assembléia de Deus me parece tão inapropriado quanto poluir uma Área de Preservação Ambiental com rituais afrodescendentes ou visitar países miseráveis a bordo de carruagens folheadas a ouro e acessórios de ouro maciço...Certas coisas ficaram ultrapassadas, mas lamentavelmente não caíram em desuso e não cairão enquanto acreditarmos que Deus existe para concordar com essas coisas ou enquanto não pudermos abrir mão do nosso conforto. Hoje não me afeta  a crítica que se faz à Igreja Católica, porque vejo os críticos montando o mesmo espetáculo, com a mesma direção e atores diferentes, porem igualmente superstars...
De novo:Tudo me leva a crer que não exista hoje nenhuma luta por igualdade, apenas pela mudança das mãos que seguram o chicote.
Mas que luta?


13 de mai. de 2012

Grilhões Religiosos Impedem o Amor



Março é o mês da mulher em função da tragédia da nossa civilização na construção de uma sociedade em que predomina o poder, onde as pessoas são vistas pelo ponto de vista do separatismo, aspecto enfático do ser humano incapaz de caminhar na direção do que nos une, o fato puro e simples de todos pertencermos à mesma espécie.
Existe dentro do animal o instinto de sobrevivência, existe no ser humano o instinto de ser superior e tudo o que é muito alto não se alcança e tudo o que é ilusório decepciona. Março é o mês da mulher pela tragédia gerada na fábrica estadunidense (Vida Urbana), mas é em maio que encontramos maior concentração de figuras femininas a reverenciar,  elas vem nos caminhos do afeto (mães e noivas) e religiosos, sendo a religião a ferramenta mais utilizada para o domínio e supremacia do outro por parte de seres tão absolutamente iguais a todos que precisam expor a sua conexão com o intangível para atestar seu supremo poder de comandar, se possível em nome de deus.

Assim, se por um lado temos a literatura que informa a Palavra de Deus que nos convida "a amar uns aos outros", a não querer/desejar/fazer/ para o outro o que não queremos para nós e "que todos sejam um"; princípios religiosos nos agrupam (segregam/isolam )com preceitos e práticas capazes de nos abrir as portas da felicidade eterna. Deus passou a ter muitas casas e a nossa permanência em algumas delas aqui, nessa vida,  nos"impedirá" que Ele nos abra as portas da Sua casa na Eternidade... Não seremos felizes para sempre, não por termos sido maus meninos, mas porque não fizemos algo determinado por algum líder religioso investido do poder divino que afirma ser porta-voz do altíssimo.

Se as atitudes falam mais que todas as palavras, não estaríamos sendo uma versão moderna dos "sepulcros caiados", quando julgamos o outro com a nossa medida religiosa e apregoamos o merecimento do nosso irmão a habitar a casa do Pai depois que virarmos pó? Os vendilhões do templo seriam, hoje exatamente quem? E onde estará a medida "com a qual medirmos, seremos medidos"?

2012, teoricamente na concepção de muitos é o ano em que o mundo acabará...  Dia 13 de maio comemoramos o dia dos pretos velhos em função da nossa abolição da escravatura - Brasil, o último país ocidental  a acabar com essa vergonha, vexame que se baseava (além do interesse mercantilista) em "teorias" que negros não eram humanos, como se isso desse direitos aos mais humanos que os negros de fazer com outra espécie o que bem entendesse... Uma chaga que expõe toda a desumanidade do ser humano, afinal deveríamos respeitar, no mínimo, os seres não humanos como parte do acervo de Deus.
Voltando ao dia 13 de maio: No calendário móvel, dia das mães, também dia comemorativo do Preto Velho e de Nossa senhora de Fátima. Alguns segmentos espíritas irão para os seus centros e terreiros, os católicos irão para as suas igrejas, colocarão nas ruas o andor e seguirão a santa dita portuguesa com seu lindo manto.
Outros segmentos religiosos, não comemorarão, não apreciarão a data e talvez tenha sido criado um grande evento que ocupe seus seguidores, que concorra com outros eventos de outras religiões, pois isso tem acontecido com frequência.
Imagino que em todas as manifestações religiosas, utilizar-se-ão as palavras de Deus, deixadas a nós pelos escritos que se propuseram eternizar a mensagem deixada por Cristo:
"Eis que vos dou, um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros". Porque "na casa do Meu Pai existem muitas moradas"...

Como manifestação de um povo sofrido pela exclusão, temos os carinhosos Pretos Velhos da Umbanda, religião nascida no Rio de Janeiro, brasileira por excelência, pois. Conhecidos pelas alcunhas perjorativas, ou não de "psicólogo de pobre", "médicos dos ignorantes", essas entidades aparecem  como um  reconhecimento de Deus aos sofrimentos impostos aos negros escravizados por seus irmãos ricos, brancos - ou não, poderosos representativos dos latifúndios e governos. Se há um caminho para se acabar com a ignorância é deixar de que cada um siga aquilo que determina seu coração e consciência, provendo sua capacidade de pensar e criar consciência através da educação. Não pode haver esse processo de lavagem cerebral que nos leve a temer a mão de deus, nem a falta de oportunidade e exclusão que levem as pessoas a precisarem crer numa melhora em outra vida porque essa daqui não tem como. Uma coisa é consequencia da outra, eduque seus filhos dentro do respeito ao próximo, tenha-se escolas onde efetivamente se aprenda e não precisaremos criar uma ilha de fantasia que só beneficiará os interesses dos vendilhões do templo, sabendo-se que o templo está em cada um de nós... Aquela fase de criar lendas para explicar o que não era do nosso conhecimento, passou!  Deixar que deus nos presenteie com aquilo que não conseguimos obter, não tem razão de ser num estágio de consciência onde cada um tem que fazer a sua parte, atribuir aos Céus as bênçãos e desgraças das nossas vidas, colocam Deus numa posição muito desconfortável e até diria, pouco digna.


Tudo me leva a crer que não existe hoje nenhuma luta por igualdade, apenas pela inversão das mãos que seguram os chicotes.

Não bastando tudo isso,  é também o Dia das Mães. Um dia para muitas reflexões, mas certamente nada irá se pensar a não ser na compra do presentinho, na visita para o almoço. Vivemos condicionados e empacotados porque talvez seja mais fácil assim, pensar dá muito trabalho e para agir não temos tempo.
Se pensássemos certas coisas não aconteceriam...
Portanto onde é dia de Saravá e Amém. Saudemos sem crise.
Para todas as mamães de todos as idades, formas e sexo, muito Axé, Parabéns e Amém!!!

Nota: Figuras religiosas femininas de maio:

Dia das mães, A Abolição dos escravos (13) e Pretos velhos. Temos as santas:
Santa Rita de Cássia (22), a santa das causas impossíveis, Santa Helena, Joaquina;  Santa Sara Kali (24), a padroeira dos ciganos. Nossa Senhora de Fátima (13), santa queridíssima dos portugueses. Santa Amélia (31); Santas Rafaela, Claudia, Eufrásia (18), Basília (20), Brenda (16); Carolina e Irene(05); Cassilda (09); Dympluna (15), Florinda (1º de maio); Joana D'Arc (30); Madalena di Canossa (08); Margarita (16), Maria Madalena (25 de maio); Suzana (24);


Imagino que todas foram mártires em vida pela opressão pela qual a santidade lhes era exigida e pela dor ou pelo alívio às nossas dores, foi reconhecida. Tudo isso há tanto tempo, hoje me pergunto: Se precisava,  se ainda precisa?


2 de mai. de 2012

EU RECEBERIA AS PIORES NOTÍCIAS DOS SEUS LINDOS LÁBIOS

Direção:  Beto Brant/Renato Ciasca

"EU RECEBERIA AS PIORES NOTÍCIAS DOS SEUS LINDOS LÁBIOS" é um livro de Marçal Aquino que eu não li.
"EU RECEBERIA AS PIORES NOTÍCIAS DOS SEUS LINDOS LÁBIOS" é um filme que eu vi ontem. Não posso dizer se é bom ou não. Sou fiel à minha religião que tem como mandamento fundamental a máxima que não existe expressão artística boa ou ruim, apenas ao alcance da nossa sensibilidade e entendimento ou não. Há manifestações de arte que entendemos cerebralmente, outra intuímos, com outras nos identificamos e há aquelas incontestáveis para o bem ou para o mal... O produto da arte assim como os  filhos devem ser julgados e explicados somente por quem os pariu, mais próximos que estão da visão de universos que neles impregnaram e, mesmo assim, nem sempre isso dá certo...
Criticar é um direito de todos, mas particularmente,  penso que crítico por excelência é uma praga mais ou menos danosa ou ofensiva conforme o seu nível de frustração em relação ao objeto que se propõe criticar.

Assim, confesso que deste filme tenho a dizer que fiquei muito perdida. Não posso comparar a obra cinematográfica ao livro que não li, mas alguma coisa que seria importante pro meu entendimento (que não é lá essas coisas) ficou presa em alguma(s) página(s) do livro e não chegou ao filme.
Começando pelo que eu gostei e entendi:
Camila Pitanga e a fotografia.
As demais atuações são boas sim, mas o filme é Camila.
Achei o roteiro um mosaico onde todas as cores se encaixam, mas seu  sentido nem sempre flui harmônico.  Personagens dispostos a cumprir os seus destinos e que estes estavam traçados com base em decisões já tomadas, eles não tinham disposição de mudar suas vidas.
Lavínia/ Lúcia (Camila Pitanga) prostituta, bêbada, drogada e linda mesmo quando jogada na sarjeta,  recolhida e salva dessa desgraceira por um pastor evangélico com passado parecido, com a diferença que teve oportunidade profissional enquanto que ela, um produto de abuso sexual e violência, que ao fugir não encontra referência e vai assim vivendo sem encontrar no mar  alguma mecha de cabelo para se agarrar - náufraga.



Cauby (Gustavo Machado) Fotógrafo de uma revista, de passagem pelo interior da Amazônia, com tendência zero a seguir conselhos, predisposto a seguir seu coração. Teimoso que só. Percebe o fim de uma história, pressente o início de outra, despreza os riscos e parece acreditar que realmente quem não tem culpa não poderá ser considerado culpado. Sei lá porque vendo-o caracterizado, eu  não parava de pensar no Marcos Palmeira...


Ernani, o pastor  (Zé Carlos Machado) Acredita que pode mudar o mundo com sua oratória veemente e sua fé naquilo que o salvou, que o amor é capaz de libertar pelo perdão ou que quem ama a tudo é capaz de perdoar.

Viktor Laurence (Gero Camilo) Com este nome interessante, já na sua primeira aparição mostra que vai aprontar decisivamente na trama e o faz de modo decepcionante, não pela atuação do ator, mas porque o que faz é narrado, o como fez é mostrado numa passagem rápida e o porque fez fica a critério da nossa capacidade de dedução . Suas récitas bonitas e dramáticas,  até podem inferir numa personagem que está ali para conspirar, confundir e não para entender e explicar.

Juntando tudo isso, imagino que Cauby se relacione tão amiúde com Viktor por certa inadaptação ao ambiente rude, de valores precários e pragmáticos. Porque Cauby não foge quando aconselhado, talvez porque ele acredite que ao inocente não cabe castigo. Faz todo sentido sua visão a história de Lavínia com Ernane já ultrapassara o ponto final, que é hora do trio começarem novo capítulo e sem ela dali ele (Cauby) não sai, dali ninguém o tira! Ele que é fotógrafo quer viver a beleza e paixão que até  então "dormiam" em cores estáticas nos seus cliques.
Que Lavínia tenha dúvidas é compreensível afinal,  abandonar a pacificação e sossego que lhe chegou  pela via espiritualidade e se manteve pela carne na sua vida com Ernane não é uma opção fácil para alguém que não deve saber seria  felicidade é liberdade para escolher ou  se é aceitar eternamente as tranquilidades que a vida lhe entregou...



E quando a gente pensa que tudo vai dar em tragédia, eis que surge hecatombe! Dá pena de ver tanta punição e castigo sem entender quem puniu e porque.

O passeio de Lavínia e Cauby em cenários maravilhosos talvez demonstre a necessidade dele em viver extra-muros a sua relação caliente com a moça. A cena da "feiticeira" percussionista (não sei o nome correto)  talvez quisesse levar à idéia de que eles ansiavam por viverem  uma espiritualidade não cerceada pela bíblia e que todo ato carnal tem lá as suas ebulições do espírito. O palhaço que era pistoleiro ficou tipo um remendo para evocar uma tragédia iminente, mas como decepciona saber que aquela simpática embora pouco agradável figura não era só palhaçada! O policial personifica a humanidade do local brutal de poucos conceitos e valores devastados.



Concluo que a "vibe" do filme é falar do amor de pessoas nunca antes voltadas para ele, em  um local sem o menor espaço para delicadezas. Onde política agrária, meio ambiente, devastação da floresta, poluição ocasionada pelo mercúrio do garimpo e fervor religioso fazem parte da climatização de um ambiente inóspito.

Chama a atenção as cenas de sexo bem feitas e tão contextualizadas que cativam, recheadas de erotismo.
Camila! Camila!
Surpreende nos seus 4 momentos - caída, "bipolar", estabilizada, idiotizada. Sim, esse filme foi feito para ela sobrar, encantar, impressionar!






25 de abr. de 2012

Heleno de Freitas, O Príncipe Maldito


Gostei do filme em preto e branco do diretor José Henrique Fonseca que trata de ressaltar o caráter perfeccionista de uma pessoa controvertida, da linda e muto linda fotografia de Walter Carvalho que traz todo o glamour de uma época em que todos eram tão superficiais quanto a base da importância de se pertencer ao Hgh society.

O suspense do longa ignora as prováveis curiosidades do espectador em conhecer detalhes da história dessa figura de final já conhecido, nos trai nas imagens das idas e vindas, flash back que percorrem o presente, o delírio, o passado. A narrativa não é confusa, mas não esclarece substancialmente pequenas curiosidades. 
Há a mensagem subliminar para aqueles que desejem saber mais: "leiam o livro". O compromisso da telona é com o mito - O que fez muito bem a direção de Fonseca que passa com sutileza a imagem do bom humor do craque, e até permite que os mais atentos percebam sua arrogância na obra cinematográfica como uma arma defesa de alguém que consciente da sua genialidade no gramado, ciente da admiração das mulheres pelo seu rosto bonito, porte imponente, educação e refinamento imaginava conviver com a inveja do restante do mundo, perpetuando aquela arrogância característica da juventude. Em certos momentos me pareceu que Heleno não passou dos 17 anos.
O filme colore a característica de um homem apaixonado por sua  atividade esportiva num tempo de transição entre o amadoris-mo e o profissionalismo ainda praticamente inexistente.


Um homem advogado, filho da riqueza do café que só queria jogar bola e, como sabia que jogava bem queria ser aplaudido, ovacionado. 
Sua paixão pelo ato de jogar bola e pelo time que defendia, sua ânsia passional de ver expresso por todos a sua capacidade muito acima da média.
Retratando Heleno, o homem, num contexto de uma sociedade que ainda tateava no aprendizado de como tratar as  figuras públicas de um setor esportivo que não tinha ainda delineadas suas regras e estatutos.
Ao nos poupar dos detalhes mais dramáticos que a doença impingiu ao craque, a obra preserva a imagem de alguém que tendo o necessário para fazer tudo, fez muito, mas não realizou suas ambições, vítima da sua própria escolha, mesmo aquela que não se sabe exatamente o momento em que é feita.

A demência total talvez lhe tenha protegido das muitas frustrações. Não participou de nenhuma copa mundial, não deu título ao seu time do coração, não viu seu filho crescer e não viveu tanto tempo com a mulher que escolheu para casar. Mas no auge dos efeitos característicos da insanidade mental povocada pela sífilis, esquecido do que era, batia no peito orgulhoso de dizer quem era: “Eu sou Heleno”!
Sim, era e como era!
Também fora boleiro genial, impaciente e até agressivo com os "cabeça-de-bagre".

Corajoso de dizer sobre como se entra em campo defendendo o time e honrando a camisa. Não fosse tão “louco” seu modo de encarar o maneira de exercer a profissão seria argumento de palestras motivacionais...

Ele era Heleno e hoje seria dito “mascarado”, mas ainda na atualidade seria muito mais incompreendida a sua postura de recusar “bicho” pago pelo clube num jogo onde não houve vitória, recebido por colegas que ao seu ver não jogavam pela camisa. 
Arrepia essa cena que Rodrigo Santoro, incorporado pela entidade Heleno de Freitas bate no peito  e declara sua ética de amor ao clube, comprometimento com resultado e orgulho por seus passes. (ok, que ele era rico e os amigos jogavam para ganhar dinheiro, mas isso não diminui a emoção, por mais que a distribuição da sua parte no "bicho" e queima do dinheiro restante possam parecer arrogância).

Adentra no vício pela inocente porta das drogas permitidas, socialmente aceitas e naquele tempo até  com uso admirado por expressar o glamour da riqueza – o lança-perfume, cigarros e as bebidas alcoólicas. Perde a saúde pela falta de orientação e ignorância vigente numa época em que preservativos praticamente não existiam como prevenção de DSTs; segue orgulhoso, negando-se ao tratamento que acreditava lhe causaria impotência; ruma impávido colosso pelo caminho que lhe foi permitido como celebridade optar  pelo não tratamento de uma doença ainda, quem pode saber, em estado inicial.

O que eu não gostei no filme é que tudo é tão sutil, apenas o destino implacável e soberano, como aquelas antigas  fábulas de moral e bons costumes que os avós  contavam na  esperança que com elas os netinhos se tornassem bons meninos.
Não aparece no filme, a derrocada do atleta devido o erro do diagnóstico que apontava esquizofrenia, em vez da sífilis cerebral que lhe corroeu os nervos e destruindo os seus neurônios, mostra com clareza a isenção dos médicos do clube em não obrigá-lo a tratar-se. 

A trama nos conduz ao pensamento que ele foi apenas alguém que perdeu para si mesmo e a derrota assumiu forma retumbante porque ele não sabia perder. A tranquilidade da normalidade com que o seu melhor amigo lhe rouba a mulher parece dizer "bem feito pra esse menino mal"...

Como o jogador protagonista da 1ª maior negociação do futebol na época,  Heleno volta desprestigiado tanto por ter amargado a reserva como pela dispensa do Boca Juniors da Argentina, com neurônios a menos e ouvindo vozes dá ao Vasco o campeonato Carioca de 1949, único da sua careira sem aparecer no pôster oficial dos campeões pelo rotineiro motivo:  suas brigas. Sem noção da realidade, certo de que o tempo, a doença e o vício em álcool e éter não lhe atingiriam vai para a Colômbia e se torna lá, ídolo. Já muito atingido pela doença, cheirando éter para sobreviver,  sua esposa Hilma, no filme, Sílvia (Aline Moraes) pede o divórcio e  Heleno tenta com desespero recomeçar no América do Rio onde realiza o sonho de pisar no Maracanã, mas por apenas 35 minutos.

 
assista a um gol de Heleno de Freitas pela Seleção Carioca, nos anos 40

15 de mar. de 2012

NIVER 20101

"FAÇO MENOS PLANOS E CULTIVO MENOS RECORDAÇÕES.
NÃO GUARDO MUITOS PAPÉIS, NEM ADIANTO MUITO O SERVIÇO.
MOVIMENTO-ME NUM ESPAÇO CUJO TAMANHO ME SERVE,
ALCANÇO SEUS LIMITES COM AS MÃOS, É NELE QUE ME INSTALO
E VIVO COM A INTEGRIDADE POSSÍVEL.
CANSO MENOS, ME DIVIRTO MAIS
E NÃO PERCO A FÉ POR CONSTATAR O ÓBVIO:
TUDO É PROVISÓRIO, INCLUSIVE NÓS".


9 de mar. de 2012

Niver 2012

Eu quero agradecer a todos os cumprimentos que vieram e, antecipadamente aos que virão. Até agradeço pelos que não acontecerão. Viver é uma arte e somos sempre aprendizes de artistas e nossas obras jamais estarão completas. Por sorte temos artistas verdadeiros por aí, que nos ensinam aquilo que jamais poderemos executar, mas nos trarão o modo certo de exercer nossa arte, grandiosamente medíocre e no entanto rara por sermos nós os únicos capazes de executá-las.


Eu vivo assim com o coração aos pulos a alma em sobressaltos. Já escorreguei, já caí para cima e para baixo também.

Já fiquei sem entender, já entendi mais do que queria, no entanto nunca aprendi como deveria.

O curioso do viver é aprendemos quando erramos.
Aprendemos sem saber, vivemos sem perceber. 

Tudo o que me veio sem querer me deu mais felicidade que aquilo que enfeitei com expectativas. Nenhum erro da minha vida deu errado - deu sim, trabalho para perceber que se não foi é porque jamais poderia ter sido.

Percebi que a minha coragem foi muito maior nos momentos que desisti, fui muito mais forte para fugir.

Descobri que o que poderia me enfraquecer era a vaidade, o que me fez crescer foi um tantinho de curiosidade, mas o fermento da minha vida sempre foi o querer. Querer estar de pé, querer fazer, querer que acontecesse.

Demorei anos para perceber qual importância de se ter um objetivo. 

Tive que esquecer muitas lições erradas que diziam que o meu sonho não me levaria a nada.  O sonho me faz plantar, mas é a necessidade que me incentiva a cultivar.

Tudo o que é necessário, acaba dando trabalho, foi isso que implantamos no mundo... Não há como ser feliz sem se movimentar. Não há como viver sem se posicionar. Não há como aprender sem crescer e felicidade é questão grande ...

A Terra é redonda, gira em círculos, por mais que as linhas sejam retas, elas são feitas de pontos e pontos não são quadrados. Por isso na vida há que se limar as arestas, para girar e girando iremos sempre nos encontrar e nos deparar com aquilo que deixamos, um dia atrás de nós.



Hoje eu olho no espelho e não vejo uma mulher com tantos anos quanto somam meus documentos oficiais, eu me vejo do jeitinho que era há tempos atrás. 
Eu ainda acredito na humanidade, ainda que tenha precisado desacreditar de algumas pessoas, mas pode-se sorrir sem falsidade mesmo para aquilo que não se acredita.
Às vezes é preciso esquecer um ontem para termos direito a um amanhã. 
Aos 49 anos eu sei: Não mudarei o mundo, mas posso continuar mudando a mim mesma e, isso, muda o universo inteiro.


Agradeço demais aos amigos que me apoiam, peço que jamais me neguem o colo porque são não-amigos que me fazem largar as muletas.


Agradeço a vida que me dá motivos pra sorrir, mas foi vendo a adversidade que eu percebi que se nada de bom acontecesse mais comigo eu ainda teria motivos suficientes para uma vida inteira de risos.


Eu acredito no amor, acredito  na paz, não acredito nos políticos brasileiros que me fazem temer pelo meu país.


Eu fico triste ao ver que a maioria acha que ser patriota é torcer pela seleção, enquanto que a outra maioria acha que patriotismo é coisa de filme americano. 


Eu me preocupo quando um brasileiro fala da falta de educação do povo, da deselegância do povo, sem incluir-se  e sem incluir. Viver é uma contínua atitude de coragem até mesmo para se desistir, talvez por isso o mundo esteja cheio de gente que não tenta e que se diverte vendo a tentativa alheia... 


Entre o palhaço e o domador eu sempre curti o trapezista. Levo o circo a sério, a vida é um espetáculo e se o ingresso é caro, daremos, pois a volta no bilheteiro! Passemos por baixo da lona, porque na vida a entrada é franca e todo dia é dia de ticket to ride... Nem todos os passeios são agradáveis, mas com certeza valerão a pena.

Pagamos quando chegamos e a qualidade de nós artistas só será percebida no dia que ao terminar nossa cena outros atores por instantes queiram parar de atuar.

É isso! decidimos a vida num segundo e por mais que passemos tempo planejando é o improviso que atrai as palmas!






 

4 de mar. de 2012

ALBERT NOBBS

Baseado em um conto do escritor George Moore

“A vida sem decência é insuportável”

Sabe aquela opinião recorrente de que todo filme, baseado numa obra literária, fica sempre devendo? 
Só por isso jamais  pensarei em ler o conto  de George Moore...  Albert Nobbs,  eis um filme que se fosse livro me levaria para a terapia. Nâo que eu acredite nesse  clichê de livro bom = filme no máximo razoável, mas vai que seja verdade, já que  “o  povo aumenta mas não inventa”? 
Saí da sessão visivelmente abatida e as boas companhias me livraram da depressão. Permaneci fustigada por uma curiosidade imensa: afinal o que vão as pessoas  buscar nas telonas? 
Diversão, não creio que apenas isso, há filmes impossíveis de divertir. 
Distração? Talvez, mas como fugir de um filme que insista em  fazer pensar? 
Bem, vá lá, pensar distrai!!! Os comentários sobre este filme estão tão técnicos, frios, não dão conta  que encontra-se muito mais que a inexistente surpresa  de  se tratar de uma personagem travestida.  E como a surpresa não mais existe e como todos já falaram bastante sobre o filme, sobra-me comentar sobre o filme que talvez só eu tenha visto...
                      
  
O Filme:
Albert Nobbs é uma mulher que desde a adolescência se veste de homem para conseguir trabalho, no contexto do filme ,  século XIX, cidade de Dublin, Irlanda trabalho não era sinônimo de emprego, mas de sobrevivência e dificuldades em  tempos para lá de bicudos mesmo para os homens.
O filme tem um andamento lento e é pontuado por silêncios no entanto, não há desperdícios de cenas todas são indispensáveis. As personagens são muito bem delineadas e podem nos trazer lembranças de algum conhecido real, daqueles que com certeza não gostaríamos de lembrar,  como o namorado explorador,  a “piriguete dissimulada”, a patroa  simpática e exploradora,  o homem desiludido, colegas de trabalhos bem intencionados e fofoqueiros...  

Passado numa época antiga, tem questões atuais. Com um pouquinho de atenção percebe-se  que a expectativa feminina não mudou muita coisa – um bom partido, precisa ter  “pegada”.  Logo no início tem uma cena que achei bem bacana, onde os hóspedes  do hotel chegando se organizando  lembram as cortes reais. 


Albert é uma figura entre curiosa, elegante, esquisita. Ele  é  um tímido e sua timidez uma arma, afinal, é preciso manter as pessoas  distantes e preservar o seu segredo. Aquela vidinha dele lembrou-me  a música do Belchior, “pequeno perfil de um cidadão comum”. Uma vida triste, um passado amargo e perturbador. Não fosse isso ele seria uma pessoa mais aberta, tagarela e atirada como Hubert Page (Janet McTeer), também mulher, travestida pela mesma questão da violência social de uma época em que as mulheres  eram um nada.
Hubert Page (Janet McTeer)
Janet McTeer com seu Hubert Page aparece praticamente de cara lavada, gestos amplos, muita roupa, seu rosto não exibe traços tão femininos  mas não me apareceu homem em nenhum momento. Glen Close, no seu disfarce, é o  total desprendimento da vaidade e Albert é  é o oposto de Hubert que descobre o seu segredo e que na união  pela desgraça, lhe desvia do estoicismo que até então lhe garantia a sobrevivência.

Albert Nobbs  sobrevive uma vida na qual espera a oportunidade de viver. 
Trabalha, dorme acorda, como o perfeito serviçal, doce mas sem sentimentos aparentes. Conhecer Hubert, o pintor de paredes contratado para um serviço no hotel onde mora e trabalha, foi uma  restiazinha de luz naquela alma solitária.

Fico a me perguntar se teria a mesma percepção do filme se não o assistisse no mês de comemoração e homenagens ás mulheres. 
A história deixa nas entrelinhas um ensinamento rudimentar: 
a sexualidade não tem tanto a ver com o modo como se vive ou se veste, mas a ausência dela sim. 
A esperança de felicidade, a luta por um objetivo que se acredita, trará felicidade traz consolo enquanto este sonho não é partilhado. 
É possível conviver com a melancolia, em paz com a timidez desde que não se conheça o amor. 
Sim,  o amor pode ser um tormento.
Glen Close e Mia Wasikowska  (Helen)
Albert vivia sonhando em ser feliz e para ter direito a este sonho, não precisava viver muitas coisas, conseguia economizar todos os seus centavos. 
Era pontual e focado. Até que um dia comeu do fruto do conhecimento, aquele mesmo que a serpente ofereceu ao casal, nossos ancestrais, primeiros habitantes do paraíso. E o moço que só tinha direito a um sonho futuro descobriu  algo que se chamou de amor e perdeu o sossego, aliás muito mais do que isso. 
E o querer era tanto que ele não mais via ou ouvia. 
Sua vestimenta e comportamentos masculinos, até então , ferramentas para a sobrevivência, poderiam ser até mesmo um caminho para uma felicidade romântica. 
Foi assim para Hubert, que abandonou o marido levando suas roupas (dele), cansada de tanto apanhar diariamente. Porque não seria para Albert, que escondeu sua feminilidade após ter sido violentada por vários “vizinhos” moradores de rua? Considerei emblemática a cena do passeio que o garçon e o pintor fazem na paria usando os vestidos Cathleen, quando Albert se reencontra com o lado feminino que escondeu durante mais de 30 anos. 
Aaron Johnson como Joe


 Uma grande questão da vida é se a felicidade sonhada será redenção, elevação ao paraíso ou a queda aos abismos do inferno. Como saber, se não vivendo, tentando, experimentando, arriscando? Não viemos à vida senão para nos expor aos riscos de viver.  

Glen Close carrega o filme, porque desperta em nós uma ternura que só os seres infelizes e inconscientes da sua infelicidade podem despertar. Nunca antes eu havia vistos os olhos da atriz tão comunicativos nos sorrisos que os lábios omitiam. Albert Nobbs me trouxe uma confirmação: “A VIDA SEM DECÊNCIA É INSUPORTÁVEL” e uma informação sobre cinema:  não basta um desempenho brilhante, é preciso uma personagem que brilhe e que na escassez de sorrisos, possa se expandir. Toda a dura e primorosa construção corporal para este Albert é em direção à contenção e silêncio e,  jamais um simples e tímido cidadão de Dublin poderia realmente vencer a imponente Dama de Ferro, emprestando uma exuberância à uma direção inexpressiva.

26 de fev. de 2012

Classificação do Grupo Especial 2012 Rio de Janeiro:


Grupo Especial é o grupo dito de elite das escolas de samba do Rio de Janeiro, isto para efeito de posicionamento dos turistas e foliões, porque quem é do samba sabe que o samba é uma elite por si só. 
  • São 12 escolas e o desfile é dividido em 2 dias, no domingo e na segunda-feira do carnaval. A a ordem de apresentação é designada por sorteio, com duas exceções: A Escola que subiu no ano anterior do Grupo de Acesso A, abre o desfile de domingo e última classificada (que obteve menos pontos no último concurso) abre o desfile da segunda-feira.
  • Neste ano de 2012, foram 13 escolas a desfilar, isto porque devido ao incêndio ocorrido nos barracões da Cidade do Samba bem perto do carnaval do ano passado, foi decidido que nenhuma escola desceria para o Grupo de Acesso A e apenas uma subiria para o Grupo Especial. Quem subiu no Carnaval 2011 foi a Renascer de Jacarepaguá e quem obteve menos pontos foi a São Clemente.
Classificação final do Grupo Especial:
1 – Unidos da Tijuca
2 – Salgueiro
3 – Vila Isabel
4 – Beija-Flor
5 – Grande Rio
6 – Portela
7 – Mangueira
8 – União da Ilha
9 – Mocidade
10 - Imperatriz
11 – São Clemente
  • 12 – Porto da Pedra
  • 13 – Renascer de Jacarepaguá
    Essas  duas  últimas escola desfilaram no Grupo de Acesso A em 2013
Blá Blá Blá de Samba
A Cidade do Samba é um complexo de barracões (galpões), com uma estrutura bem bacana, onde as escolas de samba do Grupo Especial constroem seu carnaval. Também tem arena  para shows que aconntecem durante o ano todo. Construção nova, oferece conforto para o trabalho das equipes de profissionais do carnaval, fica mais próximo ao sambódromo carioca que os antigos barracões para os quais o nome barracão era realmente mais apropriado no sentido literal da palavra.Quando uma escola desce para o grupo de Acesso A, ela precisa deixar este local para a escola que subiu, isso faz com que manter-se no grupo especial seja fundamental para o desfile do ano seguinte.Blá-blá de samba (só meu pitaco) :
  • Fiquei triste com a queda da renascer de Jacarepaguá para o Grupo de Acesso, por mim duas outras escolas mereciam mais este desprivilégio, mas também acho que não é nenhum drama, eu disse que mereciam mais, o que significa que disse  Renascer mereceria menos e não disse que não merecesse.
  • Não é segredo pra ninguém (até porque, quem se importaria?) que quando o Império Serrano não está no Grupo Especial minha torcida vai para a Portela e Salgueiro, ainda que esteja consciente que ultimamente a Portela não tenha apresentado desfile para o 1º lugar (daí o Salgueiro).  Uma coisa é gostar, e querer a outra é ter olhos para ver o desfile com fleuma...
  • Eu tenho escolas que me são extremamente queridas, não tenho grande antipatia por nenhuma, eu gosto de samba, gosto da vida com a galera do samba. Também não carrego preconceito, embora muitos digam que não, eu acho que rola um olhinho virado para as co-irmãs de outros municípios...
  • A Portela, este ano "vei que veio, véio! Mas comparativamente, para primeiro lugar,  tinha o espírito + garra + samba-enredo,  na parte material faltou umas coisinhas, né?
  • Outro ponto de blá-blá-blá foi a super-paradona  da super-campeã Mangueira...              Gosto da Mangueira,  porque gosto de samba. Gosto de Cartola, Cavaquinho, amo Beth Carvalho e gosto dos tons verde e rosa, embora não goste da cor verde...  Mas aí, se sou jurado, não acrescentaria nem uma fração de décimo por este recurso da paradona do Ivo Meirelles, por uma razão muito simples, se está definido que a bateria é a sustentação da escola, privar a escola dessa sustentação por tanto tempo, no meu tosco modo de ver,   equivale ao  retirar-se  as muletas de um deficiente físico pelo mesmo período de tempo. Claro,  que ao se manter de pé sem as muletas o aclamariam, mas o ato não deixaria de ser uma temeridade.
  • Criticam tanto o Paulo Barros por suas inovações... "samba não é teatro"...  E bateria toca,  bate, não é silêncio. Mestre André com a "paradinha" nos áureos tempos da Mocidade inovou e todo mundo achou bacana, já vios verdadeiras disputas entre as escolas nessas inserções (novidades) rítmicas - paradinha do funk etc e tal...  Qual é a diferença?
  • Em termos de rítmo o samba-enredo vem mudando tanto ou mais aceleradamente. Os versos diminuíram, os temas por algumas que$tões mudaram. Iih, e como mudaram! Coitado do Paulo Barros! Aliás, coitado, não, bem feito! Quem manda ser genial? Ou menos, ter esse bicho carpinteiro da novidade e da inovação? Às vezes me passa pela cabeça que ele é maior que a escola, no sentido que muita, muita gente quer ver o que ele vai trazer e não necessariamente a escola a desfilar... Quando ele se transferiu de agremiação todo mundo queria ver o que iria resultar e muita, muita gente boa torcia pra ele inventar algo que desse errado. Muitos continuam pensando assim até hoje que bom que estão errados ao torcer contra um talento.
  • Voltando à azul e branco de Madureira, quem faou muito bem foi a Eliane Faria, filha do Paulinho da Viola, nascida criada, respirada no samba ela postou no FB um pensamento muito parecido com o meu. Daí, transcrevo aqui:
" Tenho lido alguns comentários sobre a Portela e tenho pensado muito no assunto "concorrer". Vim no carro da Velha Guarda da Portela, pois já fiz vários shows com ela, já representei a Portela até na Dinamarca. Coisa que não interessa a imprensa. As pessoas têm que saber que Velha Guarda não é só a Show e sim todos que estão há mais 30 anos na Escola e por isso o carro vem com muita gente.
 Penso o quanto temos que amadurecer, evoluir e se atualizar diante do momento em que as outras Escolas evoluíram. Viemos bem, mas não para ganhar e sim para competir entre as seis. Isso foi cumprido. Mas temos que admitir que melhoramos muito e falta ainda muito para chegar lá. Já conquistamos ter um samba muito bom, melhoramos no acabamento, mas nenhum carnavalesco pode fazer mais do que se é mandado. Conheço o trabalho de Paulo Menezes e sei que colocou o máximo do que tinha em mãos.
 Na vida temos que aprender com os erros, se não o que mudará será para pior. Tenho certeza que iremos em 2013 vir para competir o 1° lugar.Sábado virei novamente no carro e feliz, cantando o melhor samba de 2012 e com samba no pé, coisa que pouco vemos na maioria das Escolas".   Eliane Faria -  https://www.facebook.com/eliane.faria1